Texto de Sabedoria

Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Menina dos Fósforos



Era a última noite do ano, véspera de Ano Novo, o frio era terrível e começava a escurecer. No frio e na escuridão andava pelas ruas uma menina pobre, descalça, de cabeça descoberta. Ao sair de casa trazia chinelos mais perdera seus chinelos ao atravessar a rua, correndo por causa de dois carros. Um ficou enterrado na neve e outro um menino levara dizendo que usaria como berço quando tivesse um filho. A menina caminhava com os pezinhos nus arroxeados de frio. No bolso de seu velho avental, trazia fósforos e segurava alguns na mão gelada que oferecia as pessoas. Durante todo o dia ninguém lhe comprara um só palito de fósforo, nem lhe dera um níquel. Sofrendo frio e fome, a pobrezinha, andando pela rua, parecia apavorada. Os flocos de neve caíam lhe sobre os longos cabelos louros que formava graciosos cachos. Mas a menina estava longe de pensar em cabelo bonitos. Todas as janelas iluminadas e chegava até a rua um aroma delicioso de pato assado. Cansada e com frio, encolheu-se num canto, entre duas casas. Sentou-se, encolheu as perninhas, mas continuava a sentir frio. Não tendo vendido um único fósforo, não possuindo um único níquel, não ousava voltar pra casa, onde o pai a espancaria. Além disso, também fazia frio em casa onde morava que era uma casa sem forro, com o telhado cheio de fendas, por onde o vento entrava, apesar de tentarem fechar as brechas com palha e trapos. Suas mãozinhas estavam congeladas. O calor de um fósforo lhe faria bem. Talvez não pudesse, com os dedos duros, tirar um fósforo do pacotinho e acendê-lo. Mas conseguiu e risco-o, o fósforo acendeu e sua chama clara e quente parecia uma velinha, dentro da concha de sua mãozinha. A garotinha imaginou estar sentada em frente a uma lareira de ferro, com adornos e tambor de latão polido. O fogo crepitava alegremente, aquecia e reconfortava. A pequena já ia estendendo os pés, para aquecê-los também... Mas estava apenas sentada na rua, com um pedacinho de fósforo queimado na mão. Riscou novo fósforo, que deu luz clara e viva. Ela viu então o interior de uma casa, onde estava posta a mesa, com toalha muito alva e fina porcelana. O pato assado fumegava, recheado de ameixas e maças. De repente, aconteceu uma coisa extraordinária. O pato saiu da travessa e andou pela sala, com garfo e a faca espetados nas costas. Assim, chegou até junto da menina pobre. Então o fósforo se apagou e só se via a parede, grossa e fria. Ela acendeu um fósforo. E viu-se sentada sob ramos da mais linda árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que a árvore que vira através da porta envidraçada na sala de um rico negociante, no Natal passado. Milhares de velas brilhavam nos ramos verdes e figuras coloridas, como as que adornam as vitrinas das lojas. A pequena estendeu as mãos para o alto, mas o fósforo se apagou. As velas de Natal foram subindo, cada vez mais, e ela viu que eram estrelas cintilantes. Uma delas caiu, traçando um risco de fogo no céu. Deve ter morrido alguém (disse a pequena). A velha avó, única pessoa que lhe quisera bem, mas que já estava morta, costumava dizer: ”Quando uma estrela cai, sobe uma alma”. A menina tornou a riscar um fósforo contra a parede. No clarão produzido em volta ela viu, radiante e iluminada, a velha avó, meiga e bondosa. “Vovó” gritou a pequena: “leva-me contigo, sei que não mais estarás aí quando o fósforo se apagar. Desaparecerá como a boa lareira, o delicioso pato assado e a linda árvore de natal”. Riscou ás pressas o resto dos fósforos que havia no pacotinho, para ter a avó ali ao seu lado e retê-la. O clarão dos fósforos tornou-se mais intenso que a luz do dia. Nunca a avó fora tão grande e bela. Ergueu a menina nos braços e as duas voaram felizes, para as alturas, onde não havia frio, nem fome, nem apreensões, voaram para junto de Deus. E no dia seguinte foi achada morta uma menina toda encolhida rodeada de fósforos usados. E as pessoas que passavam diziam: “pobrezinha, morrera de frio, tentou se aquecer acendendo esses fósforos mas não suportou”. Mas todos ficavam impressionados, pois havia em seus lábios um sorriso resplandecente. E ninguém sabia que a menina estava em um lugar que sempre sonhara, feliz ao lado de sua avó...
Essa estória li há muito tempo e achei linda, não conheço o autor, mas quero compartilhar, que sejamos solidários, existem pessoas com fome de comida, de carinho, atenção, sorrisos...

By Hans Christian Andersen

2 comentários:

  1. OLÁ PATRICIA.

    REALMENTE, LINDO!

    UM FELIZ 2011.

    COMBINADO?

    BEM, DEPOIS DO NATAL E ANTES QUE 2011 CHEGUE, ESTOU CONVIDANDO VOCÊ PARA UMA REFLEXÃO NO MEU BLOG DE HUMOR : “HUMOR EM TEXTO”

    A NOVA CRÔNICA DE HUMOR DESTA SEMANA É : “TIRIRICA R$26.000,00. APOSENTADOS, R$ TITICA,00.”

    VENHA CONFERIR E DEIXE SEU COMENTÁRIO.

    O BLOG “ HUMOR EM TEXTO “ É DE HUMOR...E DE GRAÇA !

    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir